terça-feira, 18 de setembro de 2012

CÂNHAMO


Museologia e Redução de Danos no Consumo de Drogas Psicoativas – Um Projeto Experimental em Campina Grande/Paraíba
Acervo museológico de derivados do cânhamo
                             A questão do consumo de drogas psicoativas coincide com a história da humanidade. Ao longo da evolução histórica, os humanos se relacionaram de diferentes formas com esta prática. Contemporaneamente, o consumo mercantil trouxe padrões comportamentais patológicos envolvendo o uso de drogas, ao ponto de se caracterizar um problema sanitário que se espalha por todo o tecido social, sendo necessário o desenvolvimento de estratégias para intervir na questão. Baseada na tolerância e no respeito às escolhas individuais, as técnicas de redução de danos ao uso de drogas têm sido, paulatinamente, assimiladas por um contingente significativo de usuários e incorporadas ao sistema único de saúde (SUS).
                                Um dos primeiros espaços experimentais da técnica de redução de danos ao consumo de drogas psicoativas, utilizando recursos museológicos, foi a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na grande Natal/RN, no anos finais do século passado, sob a direção do especialista em segurança Igor Pípolo, promovendo palestra do criminólogo alemão Sebastian Scherer sobre processos abolicionistas do consumo psicoativo e exposição do acervo de produtos derivados do cânhamo, pertencente ao ativista Tota Agra da cidade de Campina Grande/PB, sob curatela do médico psiquiatra e pesquisador social Epitácio de Andrade Filho.
                           A partir de um acervo museológico formado por produtos não-psicoativos derivados da Cannabis sativa (Planta macho - cânhamo), tenta-se com o presente projeto dar conformação a uma intervenção baseada na estratégia de redução de danos ao consumo de drogas em Campina Grande, segunda maior cidade do interior do Nordeste Brasileiro e a maior do interior Paraibano. Propõe-se a estruturação de um projeto nos moldes da política de saúde pública denominada como “consultório de rua” num ambulatório móvel, que disponibilize um gabinete odontológico, uma sala de atendimento clínico e um camarim-museu, que permita o desenvolvimento de ações clínicas integradas com ações culturais, envolvendo a exposição do acervo museológico formado pelos produtos não-psicoativos derivados da planta masculina da maconha (Tecidos, chapéus, camisas, tênis, perfumes, cremes, sabonetes, xampus, óleos, medicamentos, dentre outros) e a exibição de audiovisual sobre este recurso museológico.
Tota Agra e Gilberto Gil
                          A perspectiva é que esta intervenção possa servir de atrativo para uma clientela, tradicionalmente, de difícil adesão às terapêuticas.
* Trabalho científico aprovado para apresentação na II Mostra Nacional de Práticas Psicológicas, no dia 21 de setembro de 2012, no Parque Anhembi, em São Paulo/SP, sob autoria de Alexandre Bosco da Silva Oliveira – Psicólogo, Epitácio de Andrade Filho – Médico psiquiatra e sanitarista, Juracema Gomes de Medeiros – Enfermeira sanitarista, Maria de Fátima Andrade Holanda de Albuquerque – Assistente Social e Tiara Ferreira e Andrade – Estudante de Psicologia.
 

sábado, 1 de setembro de 2012

Chico Mota

O Menestrel dos Violeiros


                       FRANCISCO FERNANDES DA MOTA, Filho do professor Henrique Ferreira da Mota e Maria Elvira Fernandes. Nascido no dia 23 de outubro de 1924 na fazenda Dinamarca, município de Catolé do Rocha/PB, hoje Riacho dos Cavalos. Teve sua infância e adolescência na cidade de Brejo do Cruz/PB. Assumiu a luta de agricultor aos dez anos de idade, abraçando o ofício de poeta repentista no ano de 1949.

                        Fundou com o poeta José Soares em 1º de maio de 1963, na Rádio Rural de Caicó o programa Violeiros do Seridó (O mais antigo do gênero). Em 1964 passou a cantar ao lado do poeta Cícero Nascimento, alegrando as manhãs do rádio seridoense por 48 anos ininterruptos.

                         Casou-se em 1955 com Hermínia Joaquina Alves, com que teve dez filhos: Maria de Fátima, Inês, Dinarte, Ivete, Dimas, Derosse, Djalma, Dirceu, Denildo e Rossana Guessa. Além desses, foi também genitor de Francisco Fábio, totalizando onze filhos.

                          Deixou um grande legado para a poesia popular. A sua obra compõem livros, CDs, cordéis e uma imensa quantidade de manuscritos não publicados. Além das incalculáveis cantorias realizadas em todo nordeste e no rádio, participou de centenas de festivais de poetas repentistas. Também realizou vários encontros de cantadores nordestinos.
                           Escreveu e publicou vários cordéis:
- O Lamentável Desastre Rodoviário Ocorrido em Currais Novos – 1974
- Homenagem ao Deputado Vivaldo Costa – O Líder do Seridó - 1978
- A Seca do Nordeste – 1980 (reeditado em 2002)
- O Sofrimento do Jumento – 1980
- Homenagem a Frei Damião (O Santo do Nordeste) – 1980
- Por Que Deixei de Beber – 1980
- As Conseqüências do Fumo – sd
- Em Prol da Candidatura de Djalma Mota – 2008
                              Quatro livros publicados:
- Veredas Nordestinas - 1987
- Trovas... Etc. e Contos - 1994
- Violas e Cantadores - 2002
- A Saga de um Bandoleiro no Oeste Potiguar (A trajetória de Lampião quando do ataque à cidade de Mossoró em 1927) - 2010


                              Teve participação em cinco registros fonográficos:
- Cantiga Sertaneja – volume 01 (1999), Mossoró/RN
- Cantiga Sertaneja – volume 02 (2000), Mossoró/RN
- Cantigas da Nossa Terra, com o poeta Antonio Silva, Caicó/RN
- Pelos Campos do Repente, com o poeta Antonio Silva, Caicó/RN
- Chico Motta e Suas Canções, Caicó/RN


                              Fez parte das seguintes instituições literárias:
- Associação dos Poetas Populares do Seridó (APPS) - Fundador
- Clube dos Trovadores do Seridó (CTS)
- União Brasileira de Trovadores (UBT) – Delegacia Regional de Caicó/RN
- Academia de Trovas do Rio Grande do Norte (ATRN)


                               Faleceu em Caicó/RN, no dia 05 de junho de 2011, aos 86 anos.
Epitácio Andrade, Chico Mota e Gil Hollanda (2008)
                     No ano de 2008, fez interlúdios musicais no lançamento do folheto de cordel "O Delegado que Virou Cangaceiro", do poeta paraibano Gil Hollanda, em Caicó/RN, e ao lado do pesquisador social Epitácio Andrade colaboraram para a conclusão da dissertação de mestrado (UFPB): "Jesuíno Brilhante e os Testemunhos do Cangaço no Oeste do Rio Grande do Norte e Fronteira Paraibana", da professora pernambucana Lúcia Souza Holanda, no final de 2010.
Documentário de Epitácio Andrade
                      Chico Mota ao lado de seu amigo Mário Valdemar Saraiva Leão, cidadão centenário, fundador da cidade paraibana de São José de Brejo do Cruz, foram protagonistas do documentário "O Lugar da Morte de Jesuíno Brilhante", de autoria do médico psiquiatra Epitácio de Andrade Filho, produzido em 2005.
Viola de Chico Mota ao lado do escritor Epitácio Andrade
                     É um dos personagens centrais do livro "A Saga dos Limões - Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante", do escritor Epitácio de Andrade Filho, lançado em 2011.
HOMENAGEM
                      Neste dia 05 de setembro de 2012, quarta-feira, a partir de 19h 30min, no Restaurante Ponto Certo, no centro de Caicó/RN, ocorrerá o Seminário-cantoria: "Um Tributo a Chico Mota", aberto ao público.
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