quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

HQ

"Jesuíno Brilhante em Quadrinhos" foi Relançada em Evento do Movimento Patu 2001
                               Durante o aniversário do Movimento Patu 2001 (1997-2012), ocorrido no Bar do músico patuense Cláudio Saraiva, localizado no cruzamento da Rua Aníbal Brandão com a Rua Sucupira, em Nova Parnamirim, na Grande Natal/RN, no último dia 15 de dezembro aconteceu o relançamento da revista de história em quadrinhos sobre o cangaceiro potiguar Jesuíno Brilhante, com a presença do escritor Aucides Bezerra de Sales que divide a autoria da obra com Emanoel Amaral e Luiz Elson.
Aucides Sales e Epitácio Andrade
                                     O convite para Aucides Sales fazer o relançamento da revista sobre Jesuíno Brilhante partiu do médico psiquiatra e pesquisador social Epitácio Andrade, fundador do Movimento Patu 2001, organização militante de intervenção sócio-política da década de noventa do século passado, que  desenvolveu um conjunto de iniciativas desencadeantes de uma nova safra de pesquisas sobre o cangaço pré-lampiônico no oeste do Rio Grande do Norte e fronteira paraibana.
Seu Joaquim Oliveira e Dona Carmelita Rocha (1981)
                                   Os trabalhos de campo para a elaboração de "Jesuíno Brilhante em História de Quadrinhos" começaram no início da década de oitenta do século passado, quando os pesquisadores Aucides Sales e Emanoel Amaral foram acolhidos/recepcionados na Fazenda Lajes, na zona rural de Patu, no médio-oeste potiguar, pelo casal formado pelo agropecuarista Joaquim de Oliveira Rocha e pela professora Carmelita Rocha, no ano de 1981, época da primeira edição da revista.
Aucides Sales com integrantes da diretoria da ACUP DE 1987
                          Em Patu, terra natal de Jesuíno Brilhante (1844-79) e principal epicentro de suas ações cangaceiras, no ano de 1987 foi viabilizada uma segunda edição da revista com o apoio da prefeitura municipal (Gestão 1983-88) e da Associação Cultural Universitária Patuense (ACUP), que em grandiosa jornada universitária promoveu o seu lançamento. Por ocasião do relançamento da revista no aniversário dos 15 anos do Movimento Patu 2001 e dos 25 anos da grande jornada universitária, o professor Aucides Sales posou para uma fotografia histórica com integrantes da diretoria da ACUP de 1987 (Epitácio Andrade, Giovanni Braga, Tyrone Dantas, Jerônimo Linhares e Canuto Saraiva, representado por seus irmãos Cláudio e Norma e pelo sobrinho Kauê).
Patu no início do século XX
                        Uma parte do legado deixado pelas pesquisas de campo para a elaboração de "Jesuíno Brilhante em História de Quadrinhos" pode ser sintetizada no resgate da mais antiga fotografia de Patu, capital do cangaço romântico, datada do início do século XX, constituinte do acervo pessoal do escritor e desenhista Emanoel Amaral.
Revista na exposição do Movimento Patu 2001
                       Durante a festa cultural de aniversário do Movimento Patu 2001, a revista "Jesuíno Brilhante em História de Quadrinhos" fez parte de uma exposição de publicações de interesse do movimento, composta por outras obras de Aucides Sales, e pelos livros "Uma Mudança ao Ceará", da escritora patuense Mocinha Saraiva (Em memória), "A Saga Benevides Carneiro" e "Dudé ou Dedé", do escritor caraubense Dudé Viana, e "A Saga dos Limões - Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante", de autoria de Epitácio Andrade, além de uma coletânea de folhetos editados pela Casa do Cordel.
Airene Paiva recebe exemplar de Jesuíno Brilhante em HQ
                         Sob os olhares atentos do autor Aucides Sales e do músico-anfitrião Cláudio Saraiva, o tabelião de Parnamirim/RN e fomentador cultural Airene José Paiva Amaral recebeu o primeiro exemplar da revista relançada naquela tarde-noite festiva das mãos de Epitácio Andrade, idealizador do Movimento Patu 2001.
Epitácio anuncia a exposição sobre cultura indígena
                         Ao final do relançamento da revista, o autor Aucides Sales relembrou a parceria com o pesquisador social Epitácio Andrade desde os tempos que era conhecido como "Epitacinho" e fez uma apresentação de um acervo de materiais, objetos e obras ilustrativas da cultura indígena, defendendo a tese de que "a maioria dos personagens envolvidos diretamente com o fenômeno do cangaço tivera descendência e utilizara estratégias indígenas".
Exposição de acervo da cultura indígena


sábado, 8 de dezembro de 2012

Patu 2001

Movimento Revolucionário Completa 15 Anos
(1997-2012)
                De natureza sócio-política, de inspiração revolucionária, o Movimento Patu 2001 foi fundado em 18 de outubro de 1997, na cidade de Patu, no sertão do Rio Grande do Norte, por um grupo de ativistas culturais, com o objetivo de fomentar alternativas de desenvolvimento sustentável para a região da caatinga que pudessem repercutir em alguns caminhos da experiência humana no planeta Terra, instigando discussões cosmogônicas e fomentando eventos sobre energia, etnia, comunicação, saúde mental, fenômenos geohistóricos e história das artes.
Uma pesquisa de Dudé Viana
                        Os preâmbulos do Movimento Patu 2001 estão vinculados à realização da Jornada Universitária de Patu, em 1987, pela Associação Cultural Universitária Patuense (ACUP). Dez anos antes da formulação do movimento, a jornada foi considerado o maior evento sócio-cultural do médio-oeste potiguar, oportunizando inclusive o lançamento do famoso livro "Dudé ou Dedé", baseado numa pesquisa do escritor Dudé Viana sobre o "assalto dos 94 milhões", no início dos anos 80 do século passado, um dos marcos históricos da criminalidade moderna.
História de Quadrinhos
                           O fenômeno geohistórico do cangaço pré-lampiônico correspondente ao conflito dos "Brilhantes com os Limões", ocorrido na segunda metade do século XIX, foi alvo das preocupações culturais do Movimento. Antes, porém, nos seus preâmbulos representados pela realização da Jornada Universitária de 1987 foi viabilizada a segunda edição de "Jesuíno Brilhante", em história de quadrinhos, de autoria de Emanoel Amaral e Aucides Sales, que serviu de inspiração para o movimento promover um novo ciclo de investigação histórico-social sobre esta importante passagem da história brasileira, resultando na formulação da dissertação de mestrado: "Lugares de Memória - Jesuíno Brilhante e os Testemunhos do Cangaço no Oeste do Rio Grande do Norte e Fronteira Paraibana" (UFPB 2010), da professora Lúcia Holanda, e  no lançamento do livro "A Saga dos Limões - Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante", em julho de 2011, do médico psiquiatra Epitácio de Andrade Filho, fundador do Movimento Patu 2001.
Epitácio Andrade e Quilombolas do Jatobá
.                          Mobilizador dos segmentos sociais e étnicos menos favorecidos da população sertaneja, o Movimento Patu 2001 iniciou o resgate histórico da comunidade quilombola do Jatobá, cuja imissão coletiva da posse ocorreu no último 20 de novembro de 2012, dia da consciência negra, constituindo-se num dos processos mais avançados de regularização fundiária de uma comunidade tradicional do Brasil.
Visita de Dona Chica Brejeira ao Jatobá
                           Entre as iniciativas desenvolvidas pelo Movimento na comunidade quilombola do Jatobá, localizada na zona rural de Patu, está a construção das articulações com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), com a participação decisiva do engenheiro agrônomo Francisco Rodrigues (Kavei), e a viabilização da visita da cidadã centenária de maior longevidade já registrada no país, Dona Chica Brejeira (1884-2002), em 1999, quando estava com 115 anos.     
Bangalô na estrada do Jatobá
                              O Movimento Patu 2001 mostrou a riqueza cultural da pobre comunidade quilombola do Jatobá ao mundo com poesia. Num velho bangalô da estrada do Jatobá expôs uma faixa-poema: "Sítio arqueológico do Jatobá a 10 km a frente, há 10 mil anos atrás". 
                     Nem só o bangalô da estrada do Jatobá foi alvo das intervenções de faixas-poema do Movimento Patu 2001, mas todo o município. Em 14 de março de 1997, dia nacional da poesia, foi realização o I Encontro dos Poetas Patuenses, com as presenças dos poetas Zé Bezerra e Antônio Apolinário, do cordelista Zé de Alzerina e da poetisa Maria Celi Suassuna Leite, que mais tarde comporia o hino da cidade altaneira.
Hino de Patu RN
Letra/Música: Maria Celi Suassuna Leite

Ao pé e sombra da serra altaneira
Em sol brilhante, Patu ressurgiu
Terra querida, por nós tão amada
Com céu estrelas aurora e luar
Com o teu vento soprando a história {bis}
De esplendor tradição secular

ESTRIBILHO

Nós somos seu povo
Ardente história
Valor cultural
Existência e memória
Do nascer ao morrer {bis}
Tua glória

II

Teus filhos índios eternos guerreiros
A terra deram denominação
Cariris bravos que primeiro viram
Do fértil solo gigante riqueza
Coma origem de tribo habitante
Deram a Patu tuas almas em nobreza {bis}

ESTRIBILHO

Nós somos teu povo
Ardente história
Valor cultural
Resistência e memória
Do nascer ao morrer {bis}
Tua glória

III

A nossa terra querida Patu
Linguagem indígena montanha sonora
Somos teus filhos e ti cantamos
Teu belo hino de amor e de glória
Nossos valores somados farão
Constante luta progresso e vitória {bis}

ESTRIBILHO

Nós somos teu povo
Ardente história
Valor cultural
Resistência e memória
Do nascer ao morrer {bis}
Tua glória

IV

Terra de ilustres batalhadores
Que na saudade lembrança mergulha
Vultos históricos, que o tempo levou
Neste hino memória cantar
Cada herói que o nome deixou {bis}
No livro terra em letras lembrar

ESTRIBILHO

Nós somos teu povo
Ardente história
Valor cultural
Resistência e memória
Do nascer ao morrer {bis}
Tua glória

V

Linda muralha da natureza
Resplandecente divina criação
Serra do lima com tanta beleza
O santuário que é o nosso brasão
Salve! Patu salve! tua nobreza
Canta teu povo, do amor a canção {bis}

ESTRIBILHO

Nós somos teu povo
Ardente história
Valor cultural
Resistência e memória
Do nascer ao morrer {bis}
Tua glória
Rádio antigo
                     Percebendo a efervescência cultural com o surgimento de novas construções sociais, o Movimento Patu 2001 decidiu desencadear um processo de democratização da informação no sertão potiguar, em parceria com o 'expert' em tecnologias da comunicação João Batista de Moura, com o professor Aluísio Dutra e com o cantor Galego Vovô, dentre outros, passando a discutir um instrumental teórico-prático de radiodifusão comunitária, por meio da realização anual de encontros que tematizaram comunicação alternativa com saúde mental, a partir do ano de 1999. Foram realizados encontros no hospital de Janduís, no Santuário do Lima em Patu, na secretaria paroquial de Martins e na Prefeitura de Rafael Fernandes, resultando na implantação de experiências de radiodifusão comunitária que persistem até hoje ou foram alvo da perseguição da repressão oficial dos tempos da década perdida. O último encontro realizado contou com a participação dos usuários do programa "Porque hoje é Sábado" da Rádio Rural de Caicó, uma experiência de rádio-teatro com pacientes em atenção psicossocial.
Pedra fundamental da Saúde mental do médio-oeste
                       Com as presenças das professoras Raimunda Cleonice Dantas, Isabel Saraiva Forte e Vanda Godeiro Carlos, do "artífice de ferro" Luiz Saraiva, do artesão-cantareiro José Pernambuco, de profissionais da saúde e estudantes, o médico psiquiatra e pesquisador social Epitácio de Andrade Filho com sua família, no dia 09 de abril de 1997, comemorou seu aniversário no Hospital-maternidade Dr. Aderson Dutra, lançando a pedra fundamental da saúde mental no médio-oeste do Rio Grande do Norte, o embrião do que seria mais tarde o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS/Patu).
João de Artur com Epitácio Andrade
                     Realizando duas edições da mostra de etnopsiquiatria, o Movimento Patu 2001 sempre procurou integrar nas suas intervenções o campo cultural com a saúde mental. No resgate histórico do grupo folclórico "O Boi de João de Artur", inventado em 1976, foi possibilitada a alternativa de diversão e arte para os segmentos mais pobres da população. Ao grupo inicial de três brinquedos alegóricos, foram somados a boneca Gabriela e o boneco Cascudão, trazendo ingredientes culturais à manifestação folclórica, que passou a percorrer o nordeste brasileiro e fazer apresentações com grandes nomes da música nacional, como o cantor Lobão, e com artistas potiguares.
João de Artur com Lobão e músicos potiguares
                     O Movimento Patu 2001 fez importantes parcerias com expoentes do cenário cultural potiguar como o artista multimídia J. Medeiros, autor da obra "Os 100 Terras", usada como estratégia pedagógica para o desenvolvimento da consciência política de trabalhadores rurais, em articulação com Pola Pinto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Messias Targino, e com o artista plástico Ricardo Veriano, autor da tela "Desarme-se", obra que tematiza a questão da violência e que o movimento utilizou como recurso didático para a construção da cultura da paz.
"Desarme-se", de Ricardo Veriano.
                              Neste próximo dia 15 de dezembro, das 10 as 22 horas, no Bar do cantor Cláudio Saraiva, no cruzamento da Rua Aníbal Brandão com a Rua Sucupira, em Nova Parnamirim, grande Natal, capital do Rio Grande do Norte, os militantes e simpatizantes do Movimento Patu 2001 estarão reunidos para comemorar os 15 anos de conquistas e vitórias, com música, diversão, arte e outros alimentos necessários para a plenitude da existência humana.