sábado, 26 de setembro de 2015

Banda 2001


Banda 2001 – Sucesso de Patu para o Nordeste.

Banda 2001 - 1971
 
                  No ano de 1971, o empresário Paulo Godeiro construiu a Boate Pântano, na cidade de Patu, no Sertão do Rio Grande do Norte.  O nome desta casa de diversão foi atribuído como referência ao soterramento do terreno alagadiço, cortado por um riacho que nasce na serra do Patu e corre sob uma ponte na Avenida Lauro Maia, onde se localiza a boate. A necessidade de manter um dispositivo musical para animar as festividades dançantes da casa fez com que o empresário idealizasse e formasse a Banda 2001.


Paulo Godeiro

Boate Pântano

                  Os equipamentos foram adquiridos do médico Hélio Cipriano de Souza da cidade de Alexandria, no médio-oeste potiguar, de onde era proveniente a maioria dos músicos. A formação inicial era liderada pelo experiente tecladista Zé Arnoud da Silva que chegou a manejar numa das primeiras vezes no nordeste brasileiro o sintetizador, um instrumento capaz de produzir efeitos sonoros através da manipulação direta de correntes elétricas. A formação era composta por Gerson na bateria, Eros Roberto da Silva no contrabaixo, João Eudes na guitarra-solo, Francisco de Assis na guitarra-base. Com exceção do baterista, todos os componentes eram vocalistas.

Cantor Zé Arnould/1973

 

Sintetizador

 
                  A banda inovou apresentando uma excelente sonoridade nos acordes possibilitada pela utilização de equipamentos importados que tornaram acessível a hodierna tecnologia japonesa e por apresentar límpidas vocalizações possibilitadas por microfones dotados de sistemas de eco e reveverber. A inspiração tropicalista na banda era percebida através das longas cabeleiras e cabelos black Power dos músicos e na presença de canções tropicalistas no repertório, ficando imortalizado nas mentes de seus admiradores um arranjo exclusivo que o conjunto musical apresentava da música expresso 2222, de Gilberto Gil, além do canto em falsete das canções do grupo Secos e Molhados. No final de 1971, o empresário resolveu expandir seus negócios e adquiriu do jornalista Tomislav Femenick a Boate Snob, no centro de Mossoró, a capital do oeste potiguar, transferindo também a sede da banda, agora com o nome de Super Som 2001, com formação liderada pelo talentoso músico Roberto Teixeira de lima, que mais tarde adotou o nome artístico de Roberto dos terríveis.
 

Jornalista Tomislav Femenick


Roberto dos Terríveis - 2013

 
                  Na capital do oeste, o conjunto musical Super Som 2001 rapidamente conquistou a hegemonia entre as bandas mossoroenses e projetou as boates Snob, em Mossoró e Pântano, em Patu no cenário estadual das melhores opções de diversão. A banda 2001 inovou também na indumentária de seus músicos que se apresentavam de jaquetas, de calças sociais e camisas de manga comprida. Nos bailes carnavalescos os músicos se portavam com seus tórax desnudos. A Banda era uma extensão da boate e nas suas apresentações levavam consigo as inovações dos interiores das boates como a luz negra, o globo espelhado e o jogo de luz estroboscópica.
 

Feixe de luz estroboscópica

                                     

Luz negra


                  Em 1972, a banda migrou para a cidade de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo bahiano, onde permaneceu fazendo sucesso até 2005, quando se desintegrou e seus componentes seguiram carreira solo. Com talento e com a capacidade empresarial de seu idealizador, que soube unir experiência musical com a construção de lugares de diversão e lazer. A banda 2001 espalhou sucesso de Patu pelo nordeste brasileiro.  Sob incentivo do Movimento Patu 2001, no ano de 2011, no palco da Boate Pântano, o músico Claudio Saraiva e o cantor Raimundinho Braz desenvolveram o projeto experimental de formação da Banda 2001 cover.


Santo Antônio de Jesus/BA

 

Banda 2001 Cover/2011

 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Patrimônio Histórico

Dr. Epitácio Andrade e o Patrimônio Histórico de Belém de Brejo do Cruz/PB
Epitácio Andrade no sobrado
Fazenda Dois Riachos
Igreja Santa Tereza

                       “Amigo Epitácio, esse curto texto, original, tem uma lógica que une a importante necessidade de resgate e preservação histórica e cultural com a construção da memória coletiva, primordial a uma sociedade desenvolvida, harmoniosa e de qualidade. Espero ainda lhe ser útil. Mais do que o simples resgate de nosso patrimônio arquitetônico e histórico, o ineditismo dessas fotos abre possibilidades didáticas de reencontro com nossa memória comunitária, que pode trazer ganhos significativos à educação cultural e dos processos socializadores fundamentais na formação e qualidade de vida da comunidade. O simples achado de uma foto de um equipamento público já desaparecido e que teve um papel central no desenvolvimento de nossa cidade e no cotidiano de nossas raízes familiares, quando trabalhado dentro de um contexto de ativismo cultural e didático, reveste-se na atualidade de grande importância para a constituição das nossas subjetividades e construção da memória coletiva. Falar em memória coletiva é falar de identidade social, afinal somos seres históricos. É o acumulo de referências de outras épocas que formam a estrutura da sociedade em que estamos inseridos. E é na consistência e riqueza das estruturas sociais que repousam os elementos subjetivos e concretos de imunidade do corpo social aos muitos problemas que afligem o mundo contemporâneo. Tais como, dissolução das famílias, drogas, violência, doenças e transtornos mentais diversos, etc. Nos últimos tempos, com o avanço tecnológico, a crise de paradigmas das ciências, o encurtamento das distâncias entre os países e culturas, temos buscado cada vez mais referências que nos ajudem a reconstruir o caminho que nos trouxe até aqui. Na atualidade tudo muda o tempo todo. O que é hoje amanhã não é mais. É desse processo de consciência da transitoriedade da sociedade que tomamos consciência da nossa efemeridade enquanto sujeitos históricos e então adquirimos a noção de continuidade e perpetuação. É daí que provém a necessidade da preservação do patrimônio histórico e cultural e de políticas que contemplem essa necessidade”.

Caicó/RN, 14 de setembro de 2015.

Jonas Araújo Medeiros, sociólogo.
Joanas Medeiros na caatinga


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

SANTA TEREZA

Jesuíno Brilhante na Fazenda Santa Tereza

IGREJA DA SANTA TEREZA

                 No dia 07 de setembro de 2015, o advogado criminalista Bartolomeu Linhares, radicado na cidade de Caicó, no Seridó potiguar presenteou o cangaceirólogo Epitácio de Andrade Filho com o artigo Memórias do Dr. Antônio Gervásio Alves Saraiva, de autoria do genealogista e historiador cearense Francisco Saraiva Fernandes Câmara, conhecido como Fernando Câmara. 
EPITÁCIO ANDRADE


DR. BARTOLOMEU LINHARES


FERNANDO CÂMARA

                 O artigo é um ensaio historiográfico sobre a memória da família Saraiva Leão, apresentado pelo orador-autor numa convenção familiar, ocorrida no dia 12 de abril de 1942, no Rio de Janeiro, na época, capital federal do Brasil. E se encontra publicado no número 98, nas páginas 17 a 27, editado em 1984, em Fortaleza, na revista do Instituto Histórico do Ceará. O bacharel em ciências jurídicas pela Universidade federal de Pernambuco Antônio Gervásio Alves Saraiva, nascido na fazenda Santa Tereza, distante 15 km da sede urbana do município de Belém de Brejo do Cruz, no alto Sertão paraibano foi contemporâneo do cangaceiro potiguar Jesuíno Brilhante (1844-79).  E deixou registrada em seus manuscritos a fatídica passagem do mais afamado cangaceiro do século XIX pelas terras da Santa Tereza, inserindo definitivamente o município paraibano de Belém de Brejo do Cruz no mapa do cangaço de Jesuíno Brilhante.


                 A Fazenda Santa Tereza se localiza em fronte a serra de Brejo do Cruz e margeia os alcantis das serras do Patu, de João do Vale e serra negra, no Rio Grande do Norte. Cortada ao meio pelo Riacho dos Porcos, oriundo a montante a oito léguas do Catolé do Rocha, sendo represado pelo açude da Santa Tereza, construção arquitetônica secular que contou com a participação decisiva de mão-de-obra escrava. Na época, chegou a ser o maior açude do Nordeste brasileiro.

SERRA NEGRA DO NORTE


SERRA DE JOÃO DO VALE


SERRA DO PATU


SERRA DE BREJO DO CRUZ


                 Em 1880, o açude da Santa Tereza não resistiu a uma invernada vindo a se romper, agravando as condições de vida e sobrevivência no Sertão, contribuindo, inclusive para, mais adiante, determinar a eclosão de uma epidemia de tuberculose. Em 1865, a casa grande da Fazenda Santa Tereza era caiada, uma raridade para a época. . A fama de opulência da Santa Tereza despertou a cobiça do chefe de bando Jesuíno Brilhante que enviou o seu cabra Pajeú. Numa tarde Pajeú bateu na casa do capitão Álvaro de Assis, um amigo da família Saraiva Leão, para dizer que era plano assentado do bando o assalto a Santa Tereza. Jesuíno já havia estado na casa do major João batista da Costa Coelho (Pai Joãozinho) para recorrer bolsa, mas não tinha logrado êxito. Jesuíno fazia ponto na comunidade de São José, onde tinha dois coiteiros: Um tal Chaves e  Elias Cardoso. Confinantes à Santa Tereza tinham comunidades que ora estavam aliadas a Jesuíno, ora estavam aliadas ao grupo adversário dos Limões, como era o caso da comunidade Dois Riachos, pertencente a família Lobo. Neste cenário de conflito, estavam os Saldanhas do mulungu; os Maias em Catolé do Rocha.O declínio socioeconômico da Santa Tereza e o sofrimento da população vitimada pela tuberculose motivaram a vinda do padre Ibiapina (1806-1883) que coordenou a construção da Igreja e do cemitério, além de ter proposto a mudança do nome da comunidade de cachoeira para Santa Tereza, que pode ter sido para homenagear a matriarca conhecida como Teté ou para homenagear a própria genitora do missionário. 

PADRE IBIAPINA

                 Finalmente, narra o jurista que acompanhou juntamente com o vaqueiro João Raimundo o sargento comandante de uma tropa destacada na cidade de Imperatriz (hoje Martins, no Rio Grande do Norte) que vinha no encalço dos cangaceiros até um pedregulho existente na estrada entre São José e Santa Tereza, na comunidade de Santo Antônio, onde o sargento Preto Limão armou a emboscada fatal que pôs fim ao cangaço de Jesuíno Brilhante. Este lugar foi denominado pelo senhor Mário Waldemar Saraiva Leão, fundador da cidade de São José de Brejo do Cruz, como o Serrote da Tropa. 



SERROTE DA TROPA






domingo, 6 de setembro de 2015

Audiência Pública


Pesquisador Social Vai Participar de Audiência Pública em Belém de Brejo do Cruz
Pesquisador social Epitácio Andrade
 

                     No próximo dia 14 de setembro de 2015 (segunda-feira), a partir das 19 horas, o médico psiquiatra e pesquisador social Epitácio de Andrade Filho vai participar de uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Belém de Brejo do Cruz, no alto Sertão paraibano, sobre o tema Patrimônio histórico-cultural do município.

Portal de Belém de Brejo do Cruz

 
 
                      A convocação da audiência decorreu da aprovação de requerimento apresentado pelo vereador Elídio Valdivino (PT) e o convite para o pesquisador Epitácio Andrade Filho se justificou em razão do referido militante cultural vir liderando importante campanha que defende o tombamento e a restauração do sobrado de Belém, principal integrante do patrimônio histórico do munícipio.

vereador Elídio Valdivino e secretário Flávio Medeiros

 
 
                     A campanha teve início em março de 2014, quando fotografias do sobrado de autoria do pesquisador passaram a ocupar as mídias sociais, despertando o interesse da mídia impressa estadual, que por meio do jornal Correio da Paraíba, na sua edição do dia 22 de julho de 2015 anunciou na sua capa a manchete: Movimento tenta Salvar sobrado e trouxe no caderno Cidades a matéria Ação para salvar Sobrado de Belém, assinada pela jornalista Fernanda Figueiredo.

Sobrado de Belém

 
 

Sobrado no Correio da Paraíba

 
 
                     Essa importante ocupação da mídia impressa despertou o interesse da mídia televisiva, que no dia 26 de julho de 20015, a TV Paraíba, afiliada da rede Globo deslocou da cidade de Campina Grande uma equipe jornalística, liderada pela repórter Larissa Fernandes e, in loco, produziu material audiovisual sobre a campanha e repercutiu em seus telejornais. Concomitante à articulação midiática, os militantes procuraram o deputado estadual Anísio Maia, que no dia 14 de julho de 2015 protocolou ofício junto a Cassandra Figueiredo, diretora do IPHAEP (Instituto do Patrimônio Artístico e histórico do estado da Paraíba) solicitando o tombamento e a restauração do sobrado de Belém de Brejo do Cruz. O desencadeamento dessa campanha despertou no secretário executivo da Câmara Flávio Medeiros um interesse pela preservação do patrimônio arquitetônico do município ao ponto de já ter iniciado um estudo fotográfico sobre o complexo arquitetônico da comunidade rural Santa Tereza, distante 15 km da sede urbana do município e a resgatar o legado de personalidades ligadas ao campo cultural, com é o caso do sanfoneiro Odílio de Belém.   

Odílio de Belém

 

Igreja da Santa Tereza